sábado, 12 de abril de 2025

Heterônimos de Fernando Pessoa: conheça os mais importantes

Fernando António Nogueira Pessoa, popularmente conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, escritor, dramaturgo e tradutor. Nasceu em Lisboa, Portugal, em 13 de junho de 1888 e faleceu em 30 de novembro de 1935.

Além da escrita, atuou em diversas outras áreas. Foi crítico literário, astrólogo, crítico político, inventor, publicitário, empresário, jornalista, tipografo e correspondente comercial.

É considerado um dos escritores mais influentes do modernismo e um dos maiores poetas da literatura portuguesa.

Banner Fernando Pessoa e seus heterônimos com o retrato do escritor
Fernando Pessoa e seus heterônimos

Apesar de escrever bastante, publicou apenas cinco obras em vida. Destas, apenas uma delas - Mensagem - foi escrita em português. As demais foram publicadas em inglês. Pessoa também produziu textos em francês, tanto em prosa quanto em poesia. 

Heterônimos X Pseudônimos

O escritor ficou conhecido por fazer uso frequente de heterônimos e pseudônimos. Mas qual a diferença entre esses dois termos?

. Pseudônimo: é apenas usar um nome fictício para assinar a obra. 

. Heterônimos: são personagens completos, criados pelos escritores para assumirem a autoria da obra. Cada heterônimo possui uma identidade própria, com nome, biografia, data de nascimento (e, às vezes, até de morte), além de personalidade e estilo de escrita próprios. 

O autor "real" é chamado de ortônimoNo caso de Fernando Pessoa, seus heterônimos tinham até um mapa astral. Ele foi o criador dessa ideia e de heterônimos literários.

Principais heterônimos de Fernando Pessoa

Os três heterônimos mais conhecidos de Fernando Pessoa são: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.

Alberto Caeiro

Nascido em Lisboa, viveu toda a sua vida no campo e teve pouco estudo formal, fez apenas o ensino primário. Seus poemas têm uma linguagem simples e direta, com foco na natureza.

Alberto Caeiro era um poeta "anti-intelectual". Rejeitava temas como filosofia, metafísica ou simbologia. Acreditava na simplicidade da vida e só confiava no que podia ver e ouvir. Escreveu apenas poemas, nunca prosa. Apesar do estilo direto, seus poemas são bastante reflexivos.

Escreveu ao todo 104 poemas, reunidos em três obras : O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e Poemas Inconjuntos. Esses poemas foram publicados em revistas e, após a morte de Fernando Pessoa, reunidos na coletânea Poemas Completos de Alberto Caeiro.

Álvaro de Campos

Nasceu em Lisboa, em 15 de outubro de 1890, e faleceu em 1935. Era uma espécie de alter ego de Fernando Pessoa.

Álvaro de Campos estudou Engenharia Naval em Glasgow, na Escócia, e trabalhou em Londres.

Sua trajetória literária teve três fases distintas: 

  • Decadentista: influenciada pelo simbolismo.
  • Futurismo: com estilo mais crítico e uma linguagem mais livre e radical. 
  • Niilismo: assumindo uma visão pessimista sobre a vida.

Escreveu diversos poemas como: Passagem das Horas (1916), Lisbon Revisited (1923), Apontamento (1929), Tabacaria (1929), Aniversário (1930) Magnificat (1933), Poema em Linha Reta, Ode Triunfal e Se te Queres.

Ricardo Reis

Nascido em 1887, no Porto, foi educado em um colégio de jesuítas. Formado em medicina, vive no Brasil, para onde se exilou espontaneamente em 1919, como uma forma de protesto à proclamação da República em Portugal, pois ele era monarquista.

Estudou latim e cultura grega, esta última por conta própria.

Em sua biografia não há um ano de morte. No entanto, o escritor José Saramago, admirador de sua obra, escreveu o romance O Ano da Morte de Ricardo Reis, imaginando que ele teria morrido em 1936. Curiosamente, durante um tempo, Saramago não sabia que Ricardo Reis era um heterônimo de Fernando Pessoa. O livro foi escrito após essa descoberta.

Ricardo Reis tinha um estilo de escrita culto, preciso e formal. Evitava espontaneidade e  fazia muitas referências à mitologia.

Publicou poemas em 1924, na revista Athena, fundada por Fernando Pessoa, e em 1927 e 1930 na revista Presença. O restante de sua obra foi publicado postumamente.

Retrato de Fernando Pessoa, poeta português, criador de heterônimos como Alberto Caeiro
Foto de Fernando Pessoa

O semi-heterônimo Bernardo Soares

Fernando Pessoa também criou o semi-heterônimo Bernardo Soares, um "ajudante e guarda-livros" que vivia em Lisboa. Pessoa o classificou como semi-heterônimo porque ele não tinha uma personalidade totalmente distinta da sua. Como o próprio autor afirmou: "Sou eu menos o raciocínio e a afectividade".

Bernardo Soares escreveu O livro do Desassossego, uma obra em prosa, narrada como uma espécie de autobiografia em forma de fragmentos, quase como um diário, mas sem as datas. No livro, ele chega a encontrar Fernando Pessoa e lhe entrega um exemplar de sua obra. 

Soares é um homem simples e sua obra tem um tom mais reflexivo, melancólico e introspectivo.

Fernando Pessoa criou diversos outros heterônimos, esses são os mais importantes e conhecidos. Sua obra é vasta, rica e, até hoje, ainda não foi totalmente explorada e descoberta.

E você? Já sabia o que eram heterônimos?


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